2010/04/30

Quem sai a ganhar afinal?

Como vai sendo habitual em todos os agrupamentos, como em qualquer sitio em que adultos têm de trabalhar juntos, supostamente para um mesmo objectivo, as diferentes ideias e formas de gerir as situações, levam a guerras acesas entre aqueles que deveriam ser o sustento basilar de qualquer agrupamento, ou seja, os Dirigentes e Animadores.

O problema, no meu ver, está quando agarramos nas diferentes ideias (que é uma coisa boa) e usamo-las de uma forma divergente, acabando estas por nunca se cruzarem e termos todos pontos de vista demasiadamente afastados para se conseguir chegar a um consenso, quando o mais útil seria convergir essas mesmas ideias para um só ponto, as crianças/jovens.

Como ouvi no outro dia alguém dizer, numa formação, "Um ponto de vista é exactamente isso, é ter uma visão sobre um ponto. Diferentes pontos de vista, são apenas diferente formas de olhar para o mesmo objectivo". Só assim se pode trabalhar em equipa, tendo todos o mesmo objectivo, e não conheço outro, no escutismo, que não seja o de formar as crianças e jovens e o de prepará-los para uma vida social mais activa e participativa.

Mas para atingir tais objectivos, por vezes perdemo-nos no caminho, perdemo-nos pelos "meios" e o claro exemplo disso, nos agrupamentos, como em toda a sociedade, prende-se com o dinheiro. As angariações de fundo, as saudáveis actividades pontuais para suportar uma ou outra actividade mais cara, tornaram-se numa luta desenfreada para suportar os agrupamentos, não sei se por falta de apoios externos, se por sede de ter sempre mais e mais. Mas para mim... sabe mal esta coisa de termos de meter os miúdos a fazer sempre alguma coisa para ganharmos dinheiro.

Sinceramente, não sei se haveria outra forma de suportar algumas actividades e alguns gastos do agrupamento, como em material e obras...etc... mas o que é verdade é que não gosto do espírito. Dá-me o estranho sabor de que o escutismo se transforma num negócio e que o C.N.E. começa a ser uma grande empresa.

Outra coisa, são as pedagogias, que embora todos saibamos que é impossível todos pensarmos da mesma forma e todos formarmos os miúdos da mesma maneira, penso que há orientações básicas para este processo formativo "informal".

Mas uma coisa é certa! Temos realmente um papel educativo na vida destas crianças, de outra forma não faria sentido qualquer metodologia ou mística. Não teria sentido esta coisa hierarquizada e este sistema de patrulhas que seguimos com tanto gosto e sentido!

Mas o que fazer quando não achamos correcta a postura pedagógica de um animador do agrupamento? E quando só a nós faz confusão, assim sendo que ninguém toma medidas em relação ao assunto? Que tipo de "luta" podemos ou não ter dentro do agrupamento para melhorar as coisas? Será que essa guerra diária faz sentido, será que esse braço de ferro leva a algum lugar? Ou é melhor deixar as coisas correr e esperar que isso não interfira no desenvolvimento dos jovens?

Por vezes penso que raio de formadores de jovens somos nós, quando por vezes temos atitudes típicas de gente mal-formada? Que exemplo somos nós? Um que eu, como pai, não gostaria de ver os meus filhos seguir, com toda a certeza!

Onde estão os nossos VALORES católicos pelos quais obrigatoriamente devemo-nos orientar?

Entre guerras internas, entre burocracias estupidificantes, entre falhas na comunicação, entre palmadinhas nas costas... entre todas estas coisas que nos desanimam e desmotivam...

No Escutismo não devemos ser apenas amigos, sejamos sim, irmãos em Deus, filhos de um mesmo pai.

Quem não tiver vocação para estar no Escutismo, escolha outro caminho, pois aqui queremos exemplos de carácter, responsabilidade e valores.

Quem sai a ganhar afinal???

Aqueles pelos quais nos dedicamos, não são de certeza!


Ano D.C. 2010

José António Goulart

2007/08/15

439 ANOS DEPOIS DA SUA CONSTITUIÇÃO...






Palestra Histórica proferida por mim (JAG) no dia 30 de Julho de 2007, na comemoração dos 439 anos da constituição da Freguesia da Conceição:

Nota de introdução: Extracto do livro Ilha do Faial, de Guido Monterey;

«Uma Ilha, um ramos de hortênsias.
Ilha da Ventura, Ilha de São Luís, Ilha do Faial.
Uma Ilha de encantar...
Ilha que, no Arquipálago Açoriano, atinge o apogeu de alegria e fulgor.
Tem o brilho ofuscante da cidade da Horta, o deslumbramento da Espalamaca, o feitiço da Praia do Almoxarife e o bucolismo dos Flamengos.
Ilha pejada de mirantes. Ilha que do nascente ao poente, é, toda ela, um engalanado miradouro para o Pico, formando, conjuntamente com S. Jorge, o quadro paisagístico mais apaixonante dos Açores.
E para contemplar todo este namoro, nada como ir ao miradouro de Nossa Senhora da Conceição, na Espalamaca, porque ali já é o paraíso, e ver toda a meiguice existente, entre estas ilhas onde Deus derramou a sua graça, transfigurando-as numa antevisão celestial.»

CARACTERIZAÇÃO DA FREGUESIA

A Freguesia da Conceição, situa-se na parte norte da Cidade da Horta, ocupando uma superfície total de 2,74 k2, com 1157 habitantes (números do censo de 2001).
Esta Freguesia divide-se topograficamente em duas partes: A parte ALTA, uma área rural a juzante da Ribeira do Vale dos Flamengos: e a parte BAIXA, onde se situa a sede da Freguesia e parte do núcleo

urbano da Horta.
Segundo se pode ler em vários trabalhos publicados, terá sido o nobre flamengo Joss Van Aard (aporteguesado é José da Terra, nome que se adulterou para Jorge da Terra, ... "que fez assento lunto à ribeira, hoje denominada Ribeira da Conceição, em virtude da ermida desta invocação que ele ali edificou", portanto, foi este flamengo o fundador da primeira ermida de Nossa Senhora da Conceição.
Aqui cultivou as terras, plantando árvores de fruto nas margens da ribeira e na encosta do promontório, a que os flamengos chamaram de Espalamaca.
Um século após o início do povoamento povoamento, segundo uma provisão de aumento de côngruas passada por D. Sebastião em 30 de Julho de 1568, existiam no Faial apenas as seguintes Freguesias: São Salvador (Matriz), com 100 a 200 fogos; Feteira, Castelo Branco, Praia do Norte, Praia do Almoxarife e Flamengos, com menos de 100 fogos. A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição aparece descrita como constituida em 30 de Julho de 1568.
Segundo Fei Diogo de Chagas, nos seus escritos "Espelho Cristalino", página 478, refere que em 1643 a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição tinha 594 habitantes, distribuidos por 161 fogos.
A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição foi a segunda da cidade, depois da Matriz do SSº. Salvador e só em 1684 é que foi constituída a Freguesia de Nossa Senhora das Angústias.
Segundo Gaspar Frutuoso, A Igreja de Nossa Senhora da Conceição, tinha 3 Naves com 5 colunas de cada lado e uma capela na ala direita. Em 1589, é saqueada por corsários ingleses. Em Outubro de 1597 é novamente saqueada e desta vez incendiada. Frei Diogo de Chagas diz que a sua reedificação começou em 1607, ficando a igreja com "mais perfeição do que era antes". É novamente reconstruída em 1749, sobre a direcção do Padre Teodósio Ferreira de Melo. Em 31 de Agosto de 1926, sofreu esta Freguesia e por arrastamento toda a cidade, um violento sismo. A maior parte das habitações entrou em derrocada, inclusivé a então Igreja Paroquial. É novamente reconstruída em 1933, com dimensões bem mais modestas em estilo (Arte Deco). A Art Deco é caracterizado por um eclético estilo de design que se desenvolveu no início do século. Inicialmente foi chamado de moderno, recebendo depois o nome de "Art Deco" em consequência da Exposição Internacional das Artes Decorativas Industriais e Modernas de Paris, em 1925, a qual celebrou a vida no mundo moderno. Na parte baixa da Freguesia, foram construidos o Forte do Bom Jesus e o Forte da Alagoa, ambas fortificações infelizmente à muito desaparecidas. Em Julho de 1621, o desembargador Correia Borba, autorizou a construção do Forte da Alagoa. No ano de 1821, o Forte do Bom Jesus é descrito como tendo alguma artilharia e a precisar de reparos e o Forte da Alagoa, estava quase abandonado. A partir de 1858 o Forte do Bom Jesus é utilizado como cadeia da Comarca. Em 1868, é aberto o troço de estrada que passa pela Ermida de Santo Amaro até aos Flamengos. A 23 de Agosto de 1893, é festejado oficialmente a amarração do 1º. Cabo Telegráfico Submarino na Praia da Conceição (ou Praia da Alagoa). Era o início da Era das Companhias dos Cabos. Na sede de freguesia residiu o Comendador António José Vieira Rita, Governador Civil do ex-Distrito da Horta. No Palacete do Barão da Ribeirinha, Vitoriano da Rosa Martins, situado na altura no Largo da Igreja Paroquial, funcionou provisoriamente o Liceu da Horta. De lembrar que foi na Freguesia da Conceição que se situou o primitivo edifício da Casa da Câmara e Cadeia (1498) que se situava na Rua do Bom Jesus, nº. 16. A 5 de Novembro de 1632, o pequeno edifício foi considerado incapaz pelo corregedor dos Açores, Fernando Gomes Massam. Em 1926 existiam dela somente as paredes, que o violento sismo de 31 de Agosto derrubou.

Gaspar Frutuoso, diz ainda e referindo-se à ribeira da Conceição "que em dias de forte precipitação, o caudal da ribeira vem de enxurrada e transborda, dificultando a passagem para o centro da vila. Acrescenta ainda que "com o ímpeto das águas da ribeira, se moíam moinha de água", de modo que a construção de uma ponde foi uma necessidade que desde logo se impôs.

Na segunda metade do século XIX, tem início a construção de uma nova ponte, rudimentar e estreita, ao nível da rua e assente em 4 vãos. Depois são construídos os muros limitadores da ribeira. Na margem da ribeira, um pouco acima do sítio do mirante, funcionou o Matadouro Municipal num diminuto recinto de velhas paredes enegrecidas e sem condições. Durante o verão em virtude de não haver água corrente na ribeira, era transferidos para o lugar das Pedras dos Frades. Em 1900 foi construido um novo edifício, na Alagoa.
Do seu património edificado, mencionando o existente na parte baixa da Freguesia, destaca-se a actual Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ao conjunto dos três edifícios recentes do lado oeste da Igreja, nomeadamente a Sede da Junta de Freguesia, o Centro Paroquial da Conceição e a Sede da Sociedade Filarmónica Artista Faialense, fundada em 21 de Fevereiro de 1858. Logo ao lado, encontramos o complexo desportivo do Fayal Sport Clube, com o seu estádio de piso sintético, sendo o primeiro clube de futebol dos Açores e o 5º clube a ser fundado em Portugal. Mais recente e na rotunda da avenida, encontramos o edifício que alberga o Tribunal da Horta, além de outros serviços que funcionam no mesmo. Junto à foz da ribeira, podemos desfrutar da bela Praia da Conceição assim como do seu belo parque de lazer, tendo ainda ao lado as piscinas municipais cobertas e com água quente. Qualquer um destes privilegiados, sobretudo no verão, para quem gosta de passar o dia na praia e a noite ao ar livre. Monumentos que se destacam nesta Freguesia são muitos e variados mas os mais marcantes são sobretudo os de cariz religioso. E é de facto importante realçarmos estes monumentos, marcos históricos de muitas décadas, que chegaram até hoje, apesar de todos os colapsos passados ao longo dos tempos. Subindo até ao alto da Freguesia, encontramos num miradouro natural, voltado para a cidade da Horta, a Ermida do Pilar, fundada inicialmente em 1701 pelo Padre Filipe Furtado de Mendonça, onde pediu para ser sepultado. Foi destruída num incêndio e reconstruída em 1729. Possui na sua fachada o brasão real da coroa portuguesa. Também situada próxima dos “Casais do Farrobo”, segundo Gaspar Frutuoso, foi mandada erguer por promessa de Braz Pereira Sarmento, a Ermida de Santo Amaro. No século XIX, era no Bairro de Santo Amaro, onde residiam a maior parte dos padeiros que forneciam o pão à cidade. Uma obra que durante muitos anos prestou um serviço humanitário ao Faial, foi a Obra do Padre Américo, inaugurada a 28 de Setembro de 1969. A Casa do Gaiato, acolheu, educou e integrou socialmente crianças e jovens, que por qualquer motivo ficaram privadas do meio familiar normal. Durante 30 anos, prestou um serviço de grande mérito sob o cuidado do Padre Raul de Jesus. Partindo mais para o alto, não deixaremos de referir aquele que é o local de visita obrigatório nesta Freguesia. Referimo-nos ao Miradouro de Nossa Senhora da Conceição, na Espalamaca. Implantado com uma bela vista sobre a cidade da Horta e arredores, deste miradouro poderá contemplar as Ilhas do Pico, São Jorge e até mesmo a Graciosa. Além disso poderá observar a bela imagem de Nossa Senhora da Conceição, em mármore, com cerca de 3 metros de altura, pesando cerca de 4 toneladas, junto a uma cruz com 28,65 metros de altura. Este monumento, inaugurado em 13 de Maio de 1962, naquela data apenas com 18 metros, foi derrubado por um violento temporal de 6 para 7 de Novembro de 1969. A construção da nova cruz foi concluída em 27 de Setembro de 1972. Ainda na Lomba da Espalamaca, podem ver-se os três moinhos, construções do século XIX e XX, apresentando características marcantes de influência Flamenga. São 3 moinhos giratórios de 2 pisos, assentes em bases tronco cónicas, construídas em alvenaria de pedra consolidada com argamassa. Sobre estas bases assentam as estruturas moveis, de madeira, com coberturas cónicas revestidas a zinco, de onde emergem os mastros que suportam a estrutura do velame, em 2 casos de velas de grades e no outro de velas triangulares. As escadas em acesso de madeira, que servem também de lemes, estão ligadas aos corpos giratórios através de pequenos balcões. Rara será a Freguesia que no seu património histórico não tem Impérios do Divino Espírito Santo. Felizmente são vários os existentes e alguns com raízes profundas na comunidade local. Falemos nos Impérios da Estrada da Caldeira e da Lomba do Pilar (vulgo Facho), com sedes e Capelas de Coroa próprias, Império de Santo Amaro, Império da Volta, Império da Rua da Conceição (recentemente reactivado) além de outros que apenas estão adormecidos, aparecendo a qualquer altura. Ao longo dos anos, a Freguesia da Conceição tem crescido e desenvolvido de uma forma bastante positiva. Verifica-se um crescimentos bastante quantitativo, quer a nível habitacional, com a implantação de modernas moradias e recuperação de outras, sobretudo na parte alta da Freguesia, quer ainda a nível comercial, com um crescimento bastante razoável, na instalação de novos estabelecimentos comerciais

2007/07/26

Uma proposta para todos os dias...

... Se cair, levante-se; se, se atrasar, não desanime; se outros forem à sua frente, siga-os, mas vá sempre caminhando em direcção aos horizontes do bem e da verdade.
Renato Zanolla

2007/07/06

EU GOSTO ...

Eu gosto quando tu chegas cheia de amor para me dar,
Gosto, quando tu vais cheia de saudades.
Gosto quando tu me acaricias sem nenhuma intensão
e gosto quando tu me seduzes com todas as intenções,
Eu gosto do teu jeito de gostar de mim.
Gosto das tuas mentiras e amo as tuas verdades,
Gosto dos teus caminhos e das tuas estradas,
Gosto do teu passado e do teu presente também.
Gosto quando tu dizes não e adoro quando tu dizes sim...
Gosto da tua procura, porque que foi através dela que me encontras-te!
Gosto da tua existência e também da tua paciência.
Gosto da tua raiva e da tua doçura, da tua solidão e da tua amargura,
da tua alegria que sempre me contagia.
Gosto do teu humor, do teu amor e da tua tristeza,
Gosto dos nossos encontros e dos desencontros, das brigas e das
despedidas...
Gosto das nossas esperas e das nossas partidas.
Gosto do nosso começo e do nosso fim.
Eu gosto do teu ciúme infantil e do teu amor maduro
Gosto do nosso paraíso e do nosso inferno também,
Gosto das tuas lembranças e dos teus esquecimentos,
Eu só não gosto do que me esqueço quando me devia lembrar...
Eu gosto ... Eu gosto, verdadeiramente de ti.


Dedicado à minha querida Mena no dia da comemoração de 27 anos de casamento. 2007/07/05

2007/07/05

OS SILÊNCIO DA NATUREZA

Como são eloquentes os silêncios da natureza: o silêncio das estrelas, da noite, do alvorecer, da luz, do crescimento das plantas, do céu azul, dos horizontes...

2007/07/04

POEMA NEGRO...

À noitinha, quando as sombras descem
as colinas diluindo os contornos
e vêm conversar comigo
neste buraco de aranhas
sem portas e sem janelas
onde o tédio e a solidão imperam,
não sei que branca voz me acena
de negrume impraticável
que assim acorda no meu fundo vago
o desejo exacto de pôr termo à vida.
A solidão exalta o sentimento.
Arre lá burrinho! Mas que ideia tola
esta agora de pensar continuamente
em coisas sérias, tão densas
mas tão frágeis
como as próprias ilusões que me consomem.
Ah! Se eu tivesse ao menos uma frincha,
uma janela, um olho no telhado,
não sentiria tão intensamente
o peso morto do meu corpo vivo
sobre mim que me transcendo.
Tu fazes versos mas não és poeta!
O verdadeiro poeta é a concretização
de um sonho gerado no ventre da noite.
Já não quero o teu amor mulher!
Noite santa, irreal, palpável
queres ser a minha mãe do céu?
E Ela aceitou... ajoelhei.
Era uma vez um poeta...
Se eu fosse um deus, ah se fosse um deus
Seria mais feliz, talvez.

O L H A I ...

Olhai para os campos onde todas as coisas falam do amor: os ramos abraçam-se, as flores dançam, os pássaros namoram; onde a natureza toda glorifica o espírito.